quarta-feira, 24 de março de 2010

29 do 01.

Há raios caindo na minha sala. Luzes por poucos segundos - seguidas pelo som irresistível do ronco dos céus. É só o que escuto e vejo. Mas ainda sinto meu coração pulsando acelerado - tão veloz e apartado quanto uma vida. (Minha vida breve). Os rastros da chuva escorrendo pelas paredes. O chão úmido sob meus pés.
O barulho de asas batendo nos cantos dos cômodos. Não consigo enxergar nada. Só espero. 26 pássaros vieram me buscar - mas não os encontro.
A ansiedade é como rasgos na pele - veias saltam de dentro de mim. Talvez eu queira vomitar... ou chorar. Se ao menos eu conseguisse dormir. Passo de um salto a outro como quem engole os dias. Onde está a música? O canto? A pena e o vôo?
Sinto no meu corpo a mesma aspereza dos queixos verdes dos homens de barbas mal-feitas. Minha roupa fede àquilo que poderia ser chamado de amor - assim poderão me achar. As horas se arrastam e me envolvem o pescoço.
Sou meu próprio carrasco. Tenho pecados embaixo das unhas. Sou feita do bem e do mal.

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