terça-feira, 22 de junho de 2010

le pont.

domingo, 20 de junho de 2010

#01


homenagem ao meu irmão, Marco.


muro: Camila Macedo e Raysa Fontana.

domingo, 13 de junho de 2010

Ing x Eua

Adoro bar com cara de bar. Boteco de estrada, tiozão assistindo tevê.
A gente senta aqui e assiste ao jogo. Acompanha na cerveja? Pode deixar que eu corto as ilustrações.
Vocês são artistas, né? Seu trabalho é muito bonito. Atriz? Não, não, não de teatro.
O banheiro é limpo e com papel. Acho que somos as únicas mulheres. Vantagem, vantagem.
Vocês querem ir a um churrasco no Paraguai?
Aquele senhor português foi expulso da Europa. Aos 17 anos ele pixou um muro criticando o Salazar. Morava na fronteira com a Espanha. Ele sabe quem é Marx e quem é Lenin. Gostei dele. Ele gostou da minha boina. Disse que somos esquerdistas.
E aquele advogado estava indo contra a lei. Pediu que eu dissesse uns números, acho que 4 deles. Ele escolheu o bicho. E apostou 30 reais, no meu nome e no dele. Disse que a gente pode ganhar uns 17 paus. Passou o número pra eu ligar pedindo o resultado.
Perguntei se ele era casado. Sim. Perguntei se ele traia a mulher. Sempre. Perguntei se ele a amava. Não. Perguntei se a respeitava. Com paixão. Perguntei se ele conversava sinceramente com ela. Disse que nunca.
Fui ao banheiro e chorei.
Vantagens, vantagens. Pagaram-nos cervejas. Chegou uma dose de uísque oferecida por um qualquer. Duvidei da qualidade. Mas o português me disse que era bom. Frio e gelo. Ela é tipo minha namorada, mas é mais que isso.
Ela é a minha melhor amiga e um tipo de amor incondicional.
Você é a mais sensível, né? Você é a mais apaixonada. Não, não, é recíproco.
Mas vamos embora, ele está me ligando. Vai nos encontrar na praça.
Virei o chapéu do palhaço. Droga. Não acho as moedas. Toma, toma. Uma nota de 10 reais e me desculpe.
Você deu muito mais dinheiro do que derrubou. Foda-se.
Vamos falar de coisas grandes. De coisas nossas. Ninguém aqui odeia ninguém, querida.
Ela tentou voar e eu tive medo que não conseguisse. Saltei atrás. E nós caímos.
Eu amorteci seu corpo? Mas minhas costas doem. E essas pessoas? Não posso chorar, não posso chorar.
Não encostem. Vamos chamar um médico. Quem estava de bicicleta? Não precisa nada disso, não precisa nada disso.
Posso mexer meus dedos dos pés. Vou arriscar sentar. Irmão, preciso de você para me levantar. Mais uma vez. Depois nós juntos, os quatro, podemos me manter de pé. Você ralou o joelho? Desculpem-me, desculpem-me. Eu choro por qualquer coisa. Dia maluco.
O mendigo demonstrou compaixão. Falou do siate. Não tem como não chorar. Ela também está chorando porque... isso é muito lindo.
Dia maluco, maluco demais.
Eu te levo pra casa. Vai dormir. Você ainda vai sair? Se eu não telefonar, é porque está tudo bem. Mas ligo pros dois pra contar que cheguei sã, ou, salva. Certo? Certo. Depois a gente conta essa história e dá risadas.
Não, mãe. Meus olhos estão vermelhos porque chorei. Estou com dor. Mas tudo bem, eu vou dormir. Não adianta fazer cara feia, não. Eu só tento e tento e tento ter vida. Tudo isso é necesário (porque é vivo). Do meu jeito de ser. Amanhã a gente conversa.
Boa noite. (Ah e, se puder, compra salompas).

quinta-feira, 10 de junho de 2010

mergulho.

A calma e acalma
nesse berço de balanço manso
que nos balança
como um barco incerto

Encosta o peito
no seio materno da vida
enquanto o tempo
corre sem freio

Deixa a resposta dos nós do seu cabelo,
junto ao seu travesseiro, sibilar

Dança comigo essa dança
de rodas e asfaltos
mas lento como o vento
que move nuvens devagar

Deixa as palavras e os gestos rasos,
no suor humano, se fazerem plenos

Que eu mesma mergulho
na profundidade do a-mar

(se o movimento inerte
dos nossos pés
for al-cansar)