quinta-feira, 28 de outubro de 2010

não vou dizer que te escrevi.

você me diz que só um amor não realizado pode ser romântico.
eu te digo que já tenho uma coleção.
você me diz que eu me apaixono o tempo todo.
eu te digo que cada uma é diferente.
você me diz que não pode me levar a sério.
eu te digo que a verdade não existe.
você me diz pra ter paciência.
eu te digo que prefiro a intensidade.
você me diz pensamentos no ar.
eu te digo que o silêncio também é barulho.
você me diz pra te raptar.
eu te digo pra me procurar.
você me diz não ter nada para dar.
eu te digo que a próxima vez um beijo.
você me diz não saber o que quer.
eu te digo que vou querer o mundo.
você me diz não viver na realidade.
eu te digo que invento histórias.
você me diz não me entender.
eu te digo coisas embaralhadas.
você me diz para ser sincera.
eu te digo para ser humana.
você me diz que prefere a sinceridade.
eu te digo que prefiro a proteção.
você me diz que tenho alguns ataques.
eu te digo que só faço é drama.
você me diz gostar muito de mim.
eu te digo que é melhor assim.
você me diz não conseguir se abrir.
eu te digo só pra abrir as pernas.
você me diz com olhos indignados.
eu te digo que eu não presto mesmo.
você me diz que eu sou um caso a parte.
eu te digo algumas risadas doces.
você me diz que são 14 olhando.
eu te digo que ninguém aqui se importa.
você me diz para ser objetiva.
eu te digo algo sem sentido.

você me diz que sim.

eu te digo como?.
você me diz que não.
eu te digo quanto?.

você me diz pra não perguntar
mas apenas sentir.

eu canto "you baffle me".

(Um amor inventado e/ou mentiras sinceras, Cazuza. Da próxima vez, Gadú e Gugu. Além de uma pintura surrealista, Magritte)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

anotações.

o louquinho tava na chuva
na mesma rua de sempre, passeando
olhando sei lá o quê (que?)

até pedi pra tirar uma foto
da sacola que ele usava na cabeça feito capacete
daquelas das compras de supermercado

mas ele fez cara de bravo
e não deixou, né

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Avenida Paulista.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Barbante e escova de dentes.

Durante o sono, nossas pupilas são pequenininhas. Mesmo sem luz.

A maior cama do mundo. Dava pra se perder. Pra te perder e te encontrar. Em pedaços - que pareciam se espalhar - os meus e os seus. E a proximidade parecia sempre distante. O escuro, a não-visão. O movimento repentino de sentar e se ausentar. E a dúvida, a dúvida, a dúvida.
Hesitação e excitação ocupando os mesmos gestos. Ou aqueles gestos que não aconteceram. A gente pensa e não diz - ou sente e não diz.

Você. Você senta... e não diz. Porque não pode dizer. E eu sinto... e não sento. Porque não posso pensar.

A maior cama do mundo. A própria dimensão do sonho. Grande por não ser feita de espaço. Não ser feita de tempo. (São só os nossos pedaços). O universo não desenhado nas paredes. Feita na medida do amor tanto quanto qualquer outra. (Tanto quanto Hiroshima ou Nevers).
Porém, maior.
Para que não se ache respostas - e nem as perguntas - para as dúvidas que cabem ali.


Os olhos abrem. As pupilas crescem. Ainda não se vê nada.