segunda-feira, 3 de maio de 2010

02.05.10 ou para Raysa.


foto: Raysa Fontana

Em cima do mar, o céu se estendia em arco-íris. Azul, roxo, rosa, laranja. A Ra diz: "Olha a cor do mar refletindo as nuvens". E enquanto ela retratava as cores, eu esboçava formas-letras de congelar essa felicidade. O improviso, o instantâneo, o imediato. Ía escurecendo aos poucos. Ventava com gosto de sal. O dia eterno que tentava acabar. E nós resistíamos - com toda a nossa força, ficávamos. Há um banco em frente à areia. Nossas costas são a barreira da noite. E então eu entendi o sensível das coisas - o amor que salta entre olhos azuis e verdes. E voa sob a maresia do futuro inverno. Do dia que acaba de acabar.


O Relato: "tô aqui na frente", foi o telefonema que recebi. No domingo curitibano, não achávamos refúgio. Aí surgiu a ideia: vamos para a praia. Combustível, dinheiro, vontade. Algumas horas até acharmos o litoral - chegamos em Itapoá e tudo era bonito e vazio. Só víamos dois pescadores. Distraídos, com baldes pequenos demais para peixes de um dia todo. Uma casinha de frente pro mar - abandonada pelos salva-vidas. Tarde de sol, muito sol. Nós estávamos tão felizes que, depois de fotos e textos, não existiam mais palavras. Apareceu uma coruja. Eu nunca tinha visto uma coruja de tão perto - e nem sabia que os olhos não eram tão grandes assim - e ela nos acompanhou mais uma, duas vezes. Tomei toddynho sentada de frente pro mar. Tão doce e tão salgado. Antes de anoitecer, o céu experimentou combinações de mil tons coloridos. Nuvens lindas que pareciam pintar uma tela imensa acima de nós. Estava chegando a hora de ir embora - ninguém sabia que estávamos lá e logo meu celular começaria a tocar desesperadamente. Mas não podíamos ir embora assim, sem mais nem menos. Molhamos os pés. O contato breve com a água foi fatal: não dava para resistir. Já estava escuro, praia deserta. Tiramos nossas roupas e afundamos. Eu não tomava banho de mar há anos - nunca me senti tão limpa. Infelizmente nós tínhamos de deixar pra trás aquele dia. Seguir a estrada, literalmente. Mas, de tão difícil que era, nossa resistência se camuflou ao engarrafamento. E foram tempos e tempos andando a 2km/h. Um deslizamento de barreira, a explicação. E meu celular tocando e tocando e eu sem a menor vontade de abandonar aquela sensação. Meu corpo ainda escorria, os cabelos molhados. Mas era inevitável, chegamos em Curitiba. Cheguei com a certeza de ter compartilhado, durante toda uma tarde, verdades.

p.s. I love you.

Um comentário:

Anônimo disse...

amo você, meu orgulhinho.