sábado, 29 de maio de 2010

crônica da sexta passada.

Óculos arregalados entraram na roda.

- Eu acho que nunca vi vocês por aqui antes. O que é que tem nesse cachimbo, hein? Dá um tapa, aí. Ah, isso é cannabis.

Têm que dançar.

- A gente paga o imposto que paga o salário do policial. Polícia mata bandido. Traficante mata devedor. Não faz sentido? O traficante de pedra mata o viciado que não pagou, ué. Viciado não sai matando e assaltando por aí, não é verdade? Não tô certo?

(das três vezes que fui assaltada, três foram por nóias)

- É, você tem razão, é. Viciado assalta sim. Mas da classe média, não. Quem fuma na classe média não assalta e nem mata. Vende tudo pra comprar, isso vende. Vende liqüidificador, tal. Mas polícia mata e a gente paga.

(e usuário de crack consegue se manter na classe média?)

- Olha, não tô entendendo o que é que você tá querendo dizer com isso, não.

Um corpo enrugado e magro se mexe nervoso dentro de uma jaqueta jeans grande demais.
Eu fui embora.

Nenhum comentário: